quarta-feira, 20 de maio de 2015

Escala Maior

Seus olhos piscam ao contrário.
É deles que a fala escapa,
nascendo das pupilas dilatadas.
Com calma, mergulho nos dois poços.
São bem maiores que as íris azuis,
buracos engolindo oceanos.

A música é companhia, escape.
Ela aquieta o sol dentro do estômago.
Quanto mais alto do lado de fora,
mais silêncio do lado de dentro.

Abafa assim, entre tom e semitom
O barulho maldito, constante
do coração querendo escapar
do fluxo teimoso de sangue,
ansioso em lamber o piso.

O sorriso perfeito é distração.
O canto é regra e controle.
Domada, a voz obedece cada nota.

Mas eu consigo ver o tremor nos lábios.





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