segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Cotidiano.

Engulo a seco os pedaços mal mastigados de pão de queijo. A tia maternal da cantina não demonstrou muito interesse em mim. Imagino quantas filhas ela já não tem, e quantas, em tempos de cabelos mais negros, desejou ter. O clima úmido dos arredores deste lugar se mistura a esparsas baforadas do cigarro caro, transformando-se numa fumaça viscosa que lambe meus dentes. Estou cercada de cachorros marrons, vira-latinhas amáveis e famintos; infelizmente não comem cinzas de cigarro como eu. Escuto partes de conversas animadas e me pergunto como, neste ar molhado e frio , podem florescer ânimos tão coloridos. "Itália e Portugal, claro!" como não percebi antes? Os ânimos deles são mais adaptáveis que o meu, instável como o clima desta ilha frágil. Assim que me acostumar à dor nos ossos , consonante com as fungadas de nariz, surgirá um dia quente, talvez seco: então reclamarei, também em metáforas, das axilas suadas e de quem consegue se refrescar conversando sobre outros países de clima mais ameno.

Um comentário:

gil disse...

Esse veio depois daquele último, entáo eu sou paradoxalmente confuso. Só tenho a dizer: sovaco! Axila a puta que o pariu.