terça-feira, 24 de junho de 2008

Insônia.


Sonhos confusos e sexuais. No silêncio das madrugadas, espero o teto escuro do quarto esvanecer, lentamente, as imagens surreais. Diluir visões baseadas no nada, esperar o real sufocar o que não existe apenas com sua concretude. Tolice. Faz tempo que sonhos não me perturbam tanto. Talvez, talvez... a gama caleidoscópica de possibilidades tilintam, pedaços de vidro em asfalto quente, flamejante. Com os olhos acostumados à escuridão, as formas são quase nítidas, distorcidas em sua falta de cor; tudo é cinza, preto e azul. Eu gostaria de abrir as janelas, deixar essas imagens correrem para fora, corcéis desembestados entrando em outros quartos e deflorando sonos alheios, com seus gemidos e fluidos corporais. Não as abro, é claro. Meus edredons pesam duzentos quilos, e estou presa ao calor que morde minhas coxas.
É engraçado como passam as madrugadas. Com meus amigos descorados antevejo uma série de acontecimentos, e todos são tão possíveis quanto etéreos, das duas às cinco da manhã: um período, no mínimo, pulsante. E, no mundo pegajoso composto de bocejos suspirantes, finalmente volto a dormir. Obviamente, o despertador toca em seguida, martelando metalicamente em meus ouvidos os primeiros raios da manhã.