sexta-feira, 17 de julho de 2009

Em Brasília, dezoito horas

Meus dias aqui são permeados de um conforto colorido, repleto de neon,vitrines,cheiro de loja. Aqui a reflexão é pouca, e o andar apressado no ar seco arde meus olhos. Não há clima universitário, nem cheiro de peixe morto. Não há pessoas andando nas ruas onde moro, fora dois horários: pela manhã e ao final da tarde, quando as empregadas e caseiros entram e saem de suas jornadas de trabalho. Esta cidade vazia transpira apenas em focos superlotados de gente gasta.
Eu, teimosa, espremo entre braços fortes e olhos cansados minha branca gordura burguesa, destoante de todos aqueles calos. Aqui não pareço com ninguém no ônibus. Mas há a simpatia na conversa, seguida do silêncio constrangido quando sou a única a puxar a corda para descer no ponto em frente a uma mansão. O ponto que não é usado neste horário, que empoeira-se pois quem lota ônibus em Brasília não mora onde moro. Aqui na bolha tudo é motorizado individualmente, entre carros estúpidos e indiferentes. Carros que não percebem nunca como a poeira gruda entre os dedos quando se caminha, como é possível suar em pleno meio de Julho, no ar úmido pelas respirações. Nesta cidade ingrata a vida corre clandestina.


2 comentários:

Ennila disse...

a umidade está debaixo dos braços, entre as pernas, aos pés dos fios de cabelo, nas palmas das mãos, atrás dos joelhos, no grude das dobras do pescoço de ficar reclinado segurando as sacolas.

Nida Ollem disse...

meu blog não aparece ali, nem quando eu atualizo :(