Baixei o cd mais recente dele hoje (Lado Z ), e nem pensava que eu iria acabar escrevendo uma resenha sobre ele. Nem sei se pode ser considerada resenha, na verdade. Mas que seja. O cd começa com músicas que vou demorar a gostar, tem várias participações e confesso que achei as letras mais pobres do que o Zeca é capaz de fazer. Vou pesquisar se são dele mesmo mais tarde. Provavelmente a minha história com esse álbum será parecida com a do Vô Imbolá, que escuto raramente e -medo- fico toda dançante. E entre essas músicas dançantes e as tristes que vou ter que escutar com mais cuidado surgiu, pra mim, a pérola do cd. "Roda morta" é o nome da faixa, provavelmente uma homenagem à "Roda Viva" do aclamado Chico Buarque. Nessa música eu vi o Zeca que eu conheço... metáforas fortes, inesperadas, viscerais da forma que eu mais adoro ever.
Depois tem uma faixa com uma mulher, Vanessa alguma coisa. É engraçado que a melodia dessa música é meio brega (o estilo musical mesmo), mas a temática difere do que conheço do estilo.Me lembrou a música 'Olhos nos Olhos" do aclamado Chico Buarque, pelo tom pé-na-bunda-mas-ainda-gosto-de-você que ela tem; Sempre gosto dessas. O cd fecha com uma música engraçada e divertida, chamada "O coro das velhas". Adorável. O cd não está nos melhores pra mim, mas essas faixas que citei entram no ranking fácil fácil. Coloco a letra da Roda Morta aqui, pra quem quiser dar uma olhada.
"O triste nisso tudo é tudo isso
Quer dizer, tirando nada, só me resta o compromisso
Com os dentes cariados da alegria
Com o desgosto e a agonia da manada dos normais.
O triste em tudo isso é isso tudo
A sordidez do conteúdo desses dias maquinais
E as máquinas cavando um poço fundo entre os braçais,
eu mesmo e o mundo dos salões coloniais.
Colônias de abutres colunáveis
Gaviões bem sociáveis vomitando entre os cristais
E as cristas desses galos de brinquedo
Cuja covardia e medo dão ao sol um tom lilás.
Eu vejo um mofo verde no meu fraque
E as moscas mortas no conhaque que eu herdei dos ancestrais
E as hordas de demônios quando eu durmo
Infestando o horror noturno dos meu sonhos infernais.
Eu sei que quando acordo eu visto a cara falsa e infame
como a tara do mais vil dentre os mortais
E morro quando adentro o gabinete
Onde o sócio o e o alcaguete não me deixam nunca em paz
O triste em tudo isso é que eu sei disso
Eu vivo disso e além disso
Eu quero sempre mais e mais.
mais e mais"
Roda Morta - Zeca Baleiro
3 comentários:
Hahahahaha... "proibido".. papo de metaleirinho chato.
eu ando ouvindo milonga campeira gauchesca sim senhor... e me emocionando.
mas tu nao tem envergadura moral pra me dar um soco neste caso, ouves zeca baleiro!
à parte, o cara mais underground que eu conheço continua sendo o capirootz.
nunca escutei nada desse cara o_o
Oi Raquel. Parabéns pelo seu blog... massa! Essa canção, Roda Morta, é uma composição de Sérgio Sampaio e Sérgio Natureza. Recomendo muito que conheça o Sérgio Sampaio, falecido em 1994, um maldito da música brasileira. Ele é uma referência muito forte para o Zeca, o que leva a pensar que a canção é do próprio Zeca. A canção "Tem que acontecer", gravada também pelo Zeca, é uma composição do Sérgio Sampaio também. Fica minha dica e uma saudação!
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