Quando me mudei pra cá, eu imaginava coisas diferentes. Não que as coisas fossem mudar subitamente, ou ficar mais fáceis. Mas eu imaginava que pela mudança absurda de ambiente e convívio uma certa facilidade em colocar as coisas em perspectiva , os problemas e os fantasmas um pouco de lado. E, por um tempo, isso foi verdade. Durante alguns meses as novidades eram tantas que eu teoricamente teria toda a base para rever tudo isso. Obviamente, não o fiz. E, enquanto tudo o que eu construía por aqui parecia sem nenhuma rachadura, tudo o que fiz foi olhar fascinada pro sol. Agora, quando as coisas começam a rachar, os defeitos novamente dizem olá e os fantasmas voltaram das férias, percebo que as coisas são bem pouco diferentes. Afinal, muda-se de cidade, de apartamento, de amigos, mas os olhos continuam os mesmos. Os velhos e quebrados olhos, agora com retinas queimadas.
E, paradoxalmente, é nesse reencontro indesejável que começo a reavaliar tudo, e contemplo direito os meus "novos" edifícios cheios de rachaduras. E a beleza deles, em cada pedaço que expõe a fragilidade escondida, é estonteante. O lixo nas ruas de Florianópolis, os problemas na faculdade, os medos e fantasmas de quem admiro, tudo isso os traz para perto de mim de uma forma tão intensa que eu volta e meia insisto em esquecer. E eu sinto finalmente que posso começar a amar isso aqui, de uma forma menos contemplativa e muito mais verdadeira...
2 comentários:
isso aí. a vida te dá as cartas, quem faz a jogada com elas é vc ;]
dá um abraço, raquel.
XD
:*
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